Revista Internacional
de Arte, Literatura y Tendencias Contemporáneas

Año 3, No 3 / La Habana, Cuba

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Sumario


Animal Planet: 3 relatos; Ahmel Echevarría Peré [relato] | El misterio del león; Alexei Dumpierre [relato] | Muestra inédita de "Pañuelos"; Ángel Delgado [plástica] [ensayo] | Grupo Proyecto Biopus: retrospectiva; Grupo Proyecto Biopus [new media] [net art] [plástica] | Lorenzo revisitado; César A. Terrero Escalante [ensayo] | Una anécdota sabrosa; César Valdevenito [relato] | Con Pina Bausch desaparece toda una época; Damaris Calderón [poesía][plástica] | DAVIS MUSEU, antropofagia estética: Entrevista a Davis Lisboa; Lizabel Mónica [entrevista [curaduría] [plástica] | Cubeta y País de Vaca; Efraín Rodríguez Santana [poesía] | Dossier: 10 poetas ecuatorianos del siglo XXI; Augusto Rodríguez [poesía] | Muñeca; Eliana Belén [poesía] El francotirador: microrrelatos Gerardo Fernández Fe [relato] | Yo, espléndida puerta: visiones de una poesía con intersticios; Jamila M. Ríos [ensayo] | Presentación al libro: Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais; Jorge Luiz Antonio [poesía][new media][poesía visual] | Muestra inédita de la exposición reciente MONTES CLAROS (S)EM PALAVRAS; Fernando Aguiar [plástica][fotografía]| El Bautizo de Nostrus Cygnus Maximus: dos poemas; Ljudevir Hlavnikov [poesía] | Materia; Marcelo Morales [poesía] | La tercera mujer; Nanne Timer [poesía] | Libro de College Station ; Pablo de Cuba Soria [novela] | Abedulia y Francesca; Waldo Pérez Cino [novela] | Dossier: 10 jóvenes poetas de Santiago de Cuba; Oscar Cruz Pérez [poesía]| El peso donde navega el creyente: nueve relatos; Raúl Flores Iriarte [relato] | Balada para un suicida: cuatro poemas inéditos; René Dayre Abella [poesía] | Muestra multimedial de obras plásticas; Luis Trápaga [plástica] [video] | Perú: un recorrido a través del lente ; Juan Carlos Borja Castro [fotografía] | Malabares de fuego; Suyai Otaño [fotografía] | "Pretendo crear un medio dentro del medio": entrevista a Kevin Beovides, fundador de "El Diletante Digital"; Lizabel Mónica [entrevista] [net art] [new media] | Muestra fotográfica; Lia Villares [fotografía ] [curaduría] | Grupo Puerco Pudle [video] | Capa Subeconómica; Amaury Pacheco [video] [poesía visual] [intervenciones] [plástica] [curaduría] [performances] | El patio de mi casa o The flesh failures; Alejandro Arango Milián [teatro] | Poesía visual: dos ensayos; Jorge Santiago Perednik [poesía visual] [ensayo] | When we are asked in the end of time; Neda Darzi [plástica] | Live transmission; Morgan O´Hara [plástica] [performances] | Video inédito del Festival Poesía Sin Fin 2009; OMNI Zona Franca [video] | @περας: hacia una topología del arte; Lizabel Mónica [ensayo] [net art] [new media] D

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Presentación al libro: Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais / Jorge Luiz Antonio


foto de autor

Jorge Luiz Antonio (Brasil, )

 
   Brasileiro, poeta, pesquisador, professor universitário, formado em Letras (Português e Inglês), especialista em Literatura, mestre e doutor em Comunicação e Semiótica (PUC SP), bolsista FAPESP em pós-doutorado (DTL-IEL-UNICAMP). É autor de Almeida Júnior através dos tempos (1983), Brazilian Digital Art and Poetry on the Web (2000: ), E-m[ag]inero, (com Fatima Lasay, 2001: ), Lago Mar Algo Barco Chuva (com Regina Célia Pinto, 2001: ), Cores, forma, luz, movimento: a poesia de Cesário Verde (2002), Ciência, Arte e Metáfora na Poesia de Augusto dos Anjos (2004), A Human Being Called David Daniels / Um Ser Humano Chamado David Daniels, em parceria com Regina Célia Pinto (cd-rom, 2004: ), Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais (2008), além de artigos em revistas impressas e eletrônicas, nacionais e internacionais. Vem participando como curador de exposições de artes plásticas desde 1982 e de poesia digital desde 2002, a exemplo da Mostra Internacional de Poesia Visual e Eletrônica (2005:).


Brazilian Digital Art and Poetry on the Web
www.vispo.com/misc/BrazilianDigitalPoetry.htm


Poesia eletrônica / Electronic Poetry
http://jlantonio.blog.uol.com.br

 


Presentación al libro: Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais

-texto cedido por su autor a Desliz-


Apresentação



É um desafio significativo fazer uma síntese da própria obra, com a necessária objetividade, e apresentá-la oralmente ou em forma escrita. Pressionado pelo tempo disponível ou pelo espaço oferecido, ou preocupado com a duração do efeito, na perspectiva de Edgar Allan Poe (1987, p. 109-122), inúmeras possibilidades vêm à mente e, por vezes, a escolha certa exige mais reflexão e a necessidade de um critério mais rigoroso.

Dentre as apresentações(1) de Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais(2) em várias localidades, a melhor solução encontrada me pareceu ser a exposição didática do conteúdo, por meio de conceitos e exemplos, indicando o enfoque do estudo e as possibilidades que ele pode oferecer ao leitor e/ou ao ciberleitor.


foto de autor
Ilustração 1 – Jim Andrews - ABCArchitecture

Três imagens-sínteses (capa, contracapa e página interna do livro) representam a obra: "ABCArchitecture", de Jim Andrews (Canadá), de 1995; as quatro infopoesias "az cor", de E. M. de Melo e Castro (Portugal), de 1999; e a composição visual de Solange Pereira Belfort (Brasil), de 2005, com uma das versões do texto estocástico de Theo Lutz e a foto do computador Zuze Z 22. Elas são agradecimentos e homenagens aos dois poetas que mais me auxiliaram ao longo da pesquisa e um tributo a Theo Lutz, pioneiro da poesia digital.

O fundo negro e as letras, formadas de imagens justapostas, nos indicam outra arquitetura, que também pode ser entendida a partir do poema que acompanha a poesia visual digital ou “vispo” (abreviatura de visual poetry):

ABC Architecture

Teach the children
that the ABC´s are theirs
to write in the spirit
of invention and generation (ANDREWS, 1995)

Aprender outra estrutura é um desafio para todas as pessoas que convivem com os meios digitais e os seus impactos na vida cotidiana.

Dentre a produção significativa de infopoesias de E. M. de Melo e Castro, “az cor” 1, 2, 3 e 4 podem ser apreciadas isoladamente ou em conjunto; quando vistas numa seqüência, representam a passagem do meio impresso ao meio digital.

foto de autor
Ilustração 2 – E. M. de Melo e Castro – “az cor” 1, 2, 3 e 4 (CASTRO, 1999)

Sob fundo azul, as letras vão se transformando em imagens e deixando de ser legíveis. A série representa a intervenção do poeta no meio digital, explorando as possibilidades de efeitos e as facilidades dos recursos de um programa para o exercício criativo.

É sob esse ângulo que Poesia eletrônica foi construído: um rápido olhar na passagem do meio impresso para o digital, exatamente no momento em que o poeta estava interessado em negociar com os signos tecnológico-computacionais, para um mergulho nos diferentes processos, tipos e produções da poesia eletrônica. Os exemplos foram coletados em diversos países e configuram uma amostragem internacional.

A terceira imagem foi outro elo essencial de toda a procura do conhecimento da poesia eletrônica em suas várias fases. As imagens do computador Zuze Z 22 e uma das versões do texto estocástico “Nach Franz Kafka” (À maneira de Franz Kafka), de Theo Lutz, de 1959, representam a experiência poética inaugural de um processo que vem tomando diferentes direções.

foto de autor
Ilustração 3 - Solange Pereira Belfort - "Nach Franz Kafka", de Theo Lutz, e o Zuze Z 22

A principal motivação deste estudo foi o curso de infopoesia ministrado por E. M. de Melo e Castro, em 1997. A partir das aulas teóricas e práticas de um dos líderes da Poesia Experimental Portuguesa e do pioneiro da videopoesia, recebi a necessária motivação para elaborar uma tese de doutorado (2000 a 2005). Dessa data até o primeiro semestre de 2008, dediquei-me à revisão, reformulação, ampliação e atualização do assunto.

A obra foi concebida, desde os seus primeiros esboços, para circular nos meios impressos (livro) e digitais (CD-Rom e rede), com teorias e exemplos retirados de uma amostragem internacional. O ciber/leitor pode ler o livro e acessar o computador simultaneamente, assim pode ver os poemas comentados, acessar a bibliografia eletrônica ou as poesias eletrônicas selecionadas, ou consultar o glossário. Uma vez que a obra trata das negociações da poesia com os processos digitais, é importante que a leitura também seja feita em ambos os meios e de forma interativa e hipertextual, ou seja, que haja uma exposição de poesia eletrônica na própria obra.

Além da necessidade de apresentar o assunto em dois meios, pareceu-me válido fazer uma edição de custo bastante acessível, o que me disponibilizou pouco espaço em páginas impressas. Isso me trouxe desafios: criar capítulos que iniciariam no meio impresso e que terminariam no meio digital. O resultado foi um livro de 200 páginas impressas e um CD-Rom com 533 páginas de texto, mais as antologias de poesia (379 poemas de 199 poetas em cerca de 400 páginas) e de textos teóricos (87 textos de 56 autores em 1018 páginas).

A escolha de uma amostragem internacional trouxe um volume significativo de informações, o que fez com que o livro tivesse uma feição de banco de dados e de enciclopédia. Isso fez uma obra em construção continuada, em progresso e em processo, à semelhança da própria produção de poesia eletrônica, que é um fenômeno poético recente e em contínua expansão.

Seguindo o exemplo de Brian Kim Stefans (EUA), que criou uma página para incluir o material suplementar do seu livro Fashionable Noise: On Digital Poetics (2003) -www.arras.net/fashionable_supplements.html-, também me pareceu adequado criar um blog para complementar o conteúdo do livro e do CD-Rom, preparando-me, dessa forma, para uma segunda edição: http://jlantonio.blog.uol.com.br.


O livro e seus capítulos


foto de autor
Ilustração SEQ Ilustração \* ARABIC 4 - Sobrecapa do livro (DesignYellow) e capa do cd-rom (aLe)


Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais é o estudo das negociações semióticas da poesia com as tecnologias computacionais - mediação, intervenção e transmutação -, com o objetivo de apresentar conceitos e exemplos de uma poesia, que vem se desenvolvendo nos meios digitais desde a segunda metade do século XX.

A poesia eletrônica, em suas diferentes fases, é composta por uma linguagem tecno-artística-poética e é sob esse viés que ela pode ser lida e apreciada. É um tipo de poesia contemporânea, formada de palavras, formas gráficas, imagens, grafismos, sons, elementos esses animados ou não, na maior parte das vezes interativos, hipertextuais e/ou hipermidiáticos, formatados pela linguagem de programação do(s) computador(es) e que constituem um texto eletrônico, um hipertexto e/ou uma hipermídia. Ela existe no espaço simbólico do computador (internet e rede), tendo como forma de comunicação poética os meios eletrônico-digitais que se vinculam a esses componentes. De um modo geral, ela só existe nesse meio e só se expressa, em sua plenitude, por meio dele.

O tema da obra foi dividido em cinco capítulos: Poesia e tecnologia: tecnopoesia; Poesia, arte, ciência e tecnologia; Estado de arte da poesia eletrônica; Poesia e computador(es); Exemplos comentados e tipologia. Os quatro capítulos (primeiro, terceiro, quarto e quinto) conceituam, teorizam, exemplificam e comentam a poesia eletrônica, enquanto que um deles (o segundo) oferece um panorama histórico das relações da poesia com a arte, a ciência e a tecnologia, excluindo a poesia eletrônica.

Poesia e tecnologia: tecnopoesia (capítulo I) trata da teorização das negociações semióticas (mediação, intervenção, transmutação) do poeta com as tecnologias e das relações das linguagens poética, artística e tecnológica, cujo resultado é a linguagem tecnopoética, ou seja, a tecnopoesia, digital ou não.

Todos os capítulos contêm subcapítulos. Este, por exemplo, tem o seguinte desdobramento: Negociações semióticas: mediação, intervenção, transmutação; O poeta e a tecnologia; Linguagem poética, linguagem artística e linguagem tecnológica; Linguagem poética; Linguagem artística; Linguagem tecnológica; Linguagem tecnopoética ou tecno-artístico-poética.

Poesia, arte, ciência e tecnologia (capítulo II) mostra a natural vocação da poesia de lidar com outras linguagens e apresenta uma amostragem internacional dessas experimentações poéticas, em recortes cronológicos: da Antiguidade até o século XIX, Século XX: 1900-1950, Século XX: 1950-2000 e Século XXI: 2001-atualidade. Este é o capítulo mais extenso de todos (cento e quarenta páginas com ilustrações) e, por ser um enfoque histórico, tende a se tornar um outro livro.

Poesia eletrônica (capítulo III) apresenta dois subcapítulos: estado de arte, que é o mapeamento do que vem sendo estudado como poesia eletrônica desde 1959, com duas subdivisões: os conceitos precursores e as negociações semióticas com as linguagens computacionais; e algumas denominações mais usadas, que registra as denominações que vêm sendo atribuídas a esse fazer poético; dentre as inúmeras denominações existentes, optei pelo termo "poesia eletrônica", como uma denominação geral mais aceita pela maioria dos estudiosos.

Há poucas obras impressas(3) dedicadas ao estudo da poesia eletrônica(4): Dick Higgins (EUA, 1970), Richard W. Bayley (EUA, 1973), Pedro Barbosa (Portugal, 1977, 1996), Alain Vuillemin (França, 1990), Charles O. Hartman (EUA, 1996), Barbosa e Cavalheiro (Portugal, 1996), Eduardo Kac (Brasil / EUA, 1996, 1996-1997), Antonio Risério (Brasil, 1998), Ricardo Araújo (Brasil, 1999), Caterina Davinio (Itália, 2002), Loss Pequeño Glazier (EUA, 2002), Saúl Ibargoyen (México, 2002), Saskia Reither (Alemanha, 2003), Brian Kim Stefans (EUA, 2003), Friedrich W. Block, Christiane Heibach e Karin Wenz (Alemanha, 2004), Denise Azevedo Duarte Guimarães (Brasil, 2007), Chris Funkhouser (EUA, 2007). Por outro lado, há muitas antologias em revistas e livros, além de inúmeros artigos no meio digital (cd-rom, dvd e rede).

Poesia e computador(es) (capítulo IV) é um esboço da relações da poesia com o computador, com os seguintes desdobramentos: Poesia e computador; Poesia e arquivos eletrônicos; Poesia e programas; Poesia e Internet; Poesia e rede; Poesia e texto eletrônico, hipertexto e hipermídia.
 

Tipologia e exemplos comentados (capítulo V) analisa, a partir do delineamento de uma tipologia da poesia eletrônica, uma amostragem internacional de exemplos. Os desdobramentos são: Poesia-programa; Infopoesia; Poesia-computador; Poesia hipertextual e poesia hipermídia; Poesia-internet; Poesia interativa, colaborativa e performática; Poesia-código; Poesia migrante; Poesia performática cíbrida.

Ao longo deste estudo, observamos procedimentos da poesia com as tecnologias, de um modo geral, e com as tecnologias digitais, em particular. Esse panorama oferece os procedimentos mais significativos das atividades individuais de poetas, de grupos de poetas, de exposições de poesia eletrônica e de comunidades que agregam os poetas eletrônicos, o que nos permite afirmar a existência de um movimento internacional descentralizado, sem manifestos e em desenvolvimento constante.



Negociações semióticas: mediação, intervenção, transmutação(5)


As negociações semióticas com as tecnologias compreendem: a mediação poeta-máquina, por meio de signos e códigos; a mediação dos signos e dos códigos verbais e não verbais; a intervenção do poeta na tecnologia computacional para uma finalidade poética; e a transmutação intersistemas (poético e tecnológico), que se produz pelas interfaces. Isso resulta na tecnopoesia.

A mediação poeta-máquina gera trocas e partilhas semióticas em duas fases: na primeira, a assimilação de neologismos e conceitos tecnológicos, para poder aplicá-los como temas e expressões poéticos, ou seja, produção de signos, pois o poeta, ao tomar conhecimento do conceito cultural de determinada máquina, realiza a semiose (signo, objeto, interpretante, na conceituação peirceana), ou seja, o signo da máquina passa a ter significação em sua arte verbal. Numa segunda fase, o poeta, não necessariamente o mesmo, nem precisamente num tempo imediatamente posterior, assimila a linguagem da máquina e intervém nela, com a interface de que dispõe e por meio da criatividade de que dispõe, transmuta a função predominante da máquina - pragmática, referencial, objetiva – em poética – plurissignificativa, interagente.

A mediação dos signos e códigos verbais e não verbais possibilita a existência de uma linguagem poética, essencialmente verbal, não mais apenas potencializadora, indicial e icônica das linguagens não verbais, mas agora uma linguagem híbrida ou interagente.

Assim, a palavra, essência da poesia, negocia com a imagem e os grafismos da letra e da palavra manuscrita ou manipulada graficamente e interfere neles para a produção da poesia visual; com o som, para produzir efeitos sonoros (poesia sonora); com a animação, para produzir movimentos de palavras, letras e imagens (poesia animada); com o espaço físico, para a poesia tridimensional. A poesia interfere na simulação realizada pela tecnologia computacional e chega à tecnopoesia, que passa a ter existência no espaço simbólico do computador, individualmente, ou dos computadores em rede.

A tecnologia é um conjunto de conhecimentos científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade e compreendem os saberes (matemática, ciência, biologia, geometria, teoria da informação, informática, computação, programação, arte, literatura, etc.), as máquinas que foram criadas para as mais diferentes finalidades pragmáticas (indústria, comércio, residência, cidade), os meios de comunicação de massa, os métodos científicos em si mesmos, ou quando utilizados, por exemplo, para as ciências sociais, e assim por diante.

A tecnologia computacional compreende procedimentos científicos que envolvem o uso do computador como máquina individual de processamentos diversos (programas, CPU, teclado, mouse, monitor, impressora, escâner, microfones, caixas de sons, canetas, discos rígidos, discos flexíveis) e como máquina de comunicação (Internet e rede).

Essa máquina, com circuitos eletrônicos de hardware e, também, com linguagens formais (software, programas, algoritmos), tem uma parte que é programada de fábrica e uma outra que se deixa programar de maneiras diferentes, o que a faz ser usada como ferramenta e/ou como linguagem. Na grande maioria das vezes, é nesse material programável que o poeta interfere de diferentes maneiras e esses procedimentos são o que denominamos de negociações semióticas para a produção da tecnopoesia(6).

Poesia e computador realizam um ato semiótico, em que a primeira é a representante de uma tradição da arte da palavra e o segundo, um aparelho eletrônico, uma máquina programável que estoca e recupera dados e executa operações lógicas e matemáticas numa grande velocidade, mas que também oferece possibilidades de mediação, intervenção e transmutação, produzindo signos, significações.

A semiose é o resultado desse “encontro” e as significações que poesia e tecnologia computacional produzem é o que denominamos de tecnopoesia, com o objetivo de firmar a idéia de que é a poesia que produz significados e não a tecnologia computacional em si mesma, como se costuma pensar quando se fala no assunto. Embora seja feita com o auxílio de uma máquina, a tecnopoesia não é uma poesia maquínica, mas sim uma atitude reflexiva, uma manifestação a respeito da tecnologia computacional, sob o ponto de vista do poeta. É a poetização da tecnologia computacional.

É por isso que podemos afirmar que a tecnopoesia é o procedimento do poeta sintonizado com as tecnologias do seu tempo, e isso pode ser estudado também sob um viés histórico.

Dentre as inúmeras terminologias dadas a esse tipo de produção poética, adotamos inicialmente a denominação geral de tecnopoesia (FUNKHOUSER, 1994; DAVINIO, 2002). Pudemos igualmente adaptá-la como poesia da tecnociência, com base na arte da tecnociência (POPPER, 1993), e isso trouxe certa semelhança com poetécnicas (PLAZA; TAVARES, 1998). Trata-se, pois, de uma poesia que se serve dos recursos eletrônico-digitais da informática para ambientar a palavra no contexto potencial da sua verbo-voco-moto-visualidade. Nesse caso, há um deslocamento de aparato de produção e registro para a concretização de procedimentos visuais, sonoros e cinéticos.

Adotamos o termo tecnopoesia para os dois primeiros capítulos deste estudo, já que também abordamos o aspecto histórico e, dessa forma, temos diversas tecnologias. Nos dois últimos capítulos, optamos pelo termo geral poesia eletrônica, por parecer o mais usado nos meios universitários e o mais adequado para denominar as negociações da poesia com a tecnologia computacional.

As negociações da poesia com a tecnologia trazem certa semelhança com as teorias da literatura: elas repetem as teorias imitativa e expressiva da arte (realismo), considerando neste caso realidade interior e exterior como simulação para a tecnologia computacional e expressão como recriação do mundo tecnológico sob o ponto de vista da arte da palavra.

O tecnopoeta se coloca, qual o poeta romântico, como um tecnodemiurgo. A reação do poeta romântico contra a Revolução Industrial, criando um mundo subjetivo, ideal, paradisíaco, se assemelha à do tecnopoeta que, face ao tecnopólio que se mostra avassalador, é um mundo tecnocentrista que se lhe oferece também como linguagem poética. A questão central é subverter a linguagem tecnológica, transformá-la em tecnopoética. Assim, a cultura não se rende à tecnologia, mas sofre a intervenção do poeta, que faz dela uma outra forma de comunicação poética. Ocorre, assim, uma poetização da tecnologia computacional.

Para procurar entender a tecnopoesia, apropriamo-nos do conceito de operadores da poesia experimental (semântico, fônico, morfogênico e visual ou icônico) (PADIN, 2000, p. 209-223), que se baseou nos operadores semânticos e fônicos da poesia verbal (J. COHEN, 1974), para considerá-lo como operadores tecnopoéticos, ou seja, trocas, relações, inter-relações, contribuições, conversões, transposições, migrações, mediações, adaptações, configurações, transmutações e intervenções realizadas entre as linguagens poéticas, artísticas e tecnológicas, sob o enfoque predominante da (tecno)poesia.



O CD-Rom e suas partes


A inclusão de um CD-Rom foi essencial no processo de apresentação do tema nos meios digitais, possibilitando uma leitura simultânea do livro impresso e dos arquivos eletrônicos disponíveis no CD-Rom e na rede.

O projeto inicial de 2005 era apenas um CD-ROM contendo uma antologia de poesias verbais e visuais que acompanhava um texto impresso de duzentas páginas. Novas pesquisas e novos enfoques me levaram a ampliar o conteúdo do CD-Rom (2006 a 2008), especialmente porque pretendia fazer um livro a um preço acessível. Uma nova estrutura foi pensada e desenvolvida em HTML por Alexandre Venera dos Santos. Novas atualizações me levaram a deixar a versão em HTML e a fazer outra em Flash, que foi concebida por NMD Internet e Multimidia / Produção e Design. Para dar continuidade ao trabalho iniciado pela NMD, Liliana Bellio revisou, refez e finalizou o conteúdo. Os programadores e eu tivemos a preocupação em criar um espaço digital agradável, que convidasse à descoberta e à navegação.

O CD-Rom também ofereceu a possibilidade de ampliar e enriquecer o conteúdo do livro. Assim, foi possível apresentar uma cronologia com muitas ilustrações; as antologias sem limite de espaço e de cores; as denominações da poesia eletrônica e o glossário foram apresentados com a extensão necessária; a bibliografia, sem sofrer o limite de páginas do livro impresso, tornou-se um banco de dados e de fácil consulta.
Sendo uma amostra internacional, os textos principais foram traduzidos para o inglês e para isso contei com a ajuda de Joel Weishaus (EUA), que pacientemente os revisou.

O desenvolvimento dos capítulos em meio digital ofereceu a oportunidade de muitas ilustrações em cores. Na Antologia de Poesias, pude resgatar as obras que não foram publicadas na rede ou que se perderam em sítios desativados. Na Antologia de Textos Teóricos, procurei reunir, numa obra, o maior número possível de estudos e oferecer, aos leitores e ciberleitores, uma visão panorâmica e cronológica. A bibliografia em arquivo digital possibilitou acessar os documentos eletrônicos a partir de um clique.

Preocupou-me a possibilidade, sempre existente, de sítios desativados e links quebrados, fatores que poderiam prejudicar o conteúdo digital. Então, pareceu-me válido informar o ciberleitor se, porventura, algum endereço eletrônico estiver incorreto ou não disponível, o ciberleitor pode tentar por intermédio do SearchMachine - www.searchmachine.com - ou do WayBackMachine - http://www.archive.org:80/web/web.php .  Para o caso de um link quebrado no CD-Rom, em função de alguma incompatibilidade técnica entre o CD-Rom e a máquina do ciberleitor, ele poderá abrir o arquivo diretamente no CD-Rom. Se isso não for suficiente, estou à disposição no seguinte e-mail: jlantonio@uol.com.br.

O conteúdo do CD-Rom está dividido nas seguintes partes:

Homenagem
Dedicatória
Introduction(7)
Chapter I – Poetry and Technology: Technopoetry:
1 - Semiotic negotiations: mediation, intervention, transmutation(8)
Capítulo II - Poesia, arte, ciência e tecnologia (continuação)
Capítulo III - Poesia eletrônica (continuação)
Créditos
Notas biográficas
Agradecimentos
Referências
Anexos:
Antologias de: Poesias Textos teóricos
Textos adicionais: Denominações Cronologia Glossário


O CD-Rom foi elaborado de forma a facilitar os mais diferentes tipos de consultas, pois tomei por base o conceito de usabilidade (NIELSEN, 2000), ou seja, um menor número possível de cliques: além da primeira página e da dedicatória, todo o conteúdo está apresentado em duas páginas.
foto de autor
Ilustração SEQ Ilustração \* ARABIC 5 - CD-ROM - página do Sumário

foto de autor


Ilustração SEQ Ilustração \* ARABIC 6 - CD-Rom - página de Anexos




Exemplos comentados



A tipologia foi elaborada a partir do estágio de tecnologia computacional então existente: Poesia-programa; Infopoesia; Poesia-Computador; Poesia hipertextual e poesia hipermídia; Poesia-internet; Poesia interativa, colaborativa e performática; Poesia-código; Poesia migrante; Poesia performática cíbrida. Vale ressaltar que essas tipologias não são categorias estanques, nem mesmo nos períodos de predomínio desse tipo de tecnologia.

A primeira fase da mediação poeta-máquina, que é a assimilação de neologismos e conceitos tecnológicos para se tornarem temas das poesias, não está no capítulo V(9), pois é uma fase anterior ao que é considerado como poesia eletrônica. Exemplos: François Le Lionnais, com "Table", dos anos 1960/1970; "[a máquina]", de Paulo Leminski, de 1978; página “Computer songs and poems”, organizada por poppy (Jenny Preece) (Inglaterra) - http://www.poppyfields.net/filks/ - baseada na coletânea de mesmo título de Stefan Hänßgen (Alemanha) - http://wwwipd.ira.uka.de/~haensgen/compsongs/computersongs-1.4; “Pela Internet”, de Gilberto Gil, de 1996; etc. O exemplo escolhido foi um trecho de "O computador", de Eno Theodoro Wanke (1929-2001), de 1968: "Devora silenciosamente os dados / na indicação magnética da fita / e os guarda na memória – uma esquisita / combinação de núcleos imantados. // [...] O cérebro eletrônico é a vitória / da inteligência feita de luz e glória, /na mais humana máquina inventada (WANKE, 2000, p. 139)".

Poesia-programa é um dos procedimentos da poesia eletrônica, que faz uso predominante da programação e dos diferentes tipos de geradores de textos. A programação de computadores, desde os seus primeiros momentos, trabalha com uma sintaxe especial, uma linguagem simbólica, que vem sendo utilizada pelos poetas.

É uma negociação característica: o poeta, com a parceria do engenheiro e programador, assimila a linguagem de programação (interação) e intervém no computador, transformando-o em máquina produtora de textos (versos e frases). É uma forma metafórica de dizer que a poesia "pode" ser feita por uma máquina e representa uma tentativa de excluir ou transferir a subjetividade da poesia e de realizar o mito do robô poeta. Exemplos: Theo Lutz, Nanni Balestrini, Jean A. Baudot , Pedro Barbosa, dentre outros.

Infopoesia é uma negociação em que os editores de imagens oferecem a possibilidade de migrar todo o tipo de poesia visual para os meios computacionais, no primeiro momento, e oferece, depois, a possibilidade da criação diretamente no meio digital. Os recursos dos editores de imagens, usados para diversos fins, muitos dos quais não artísticos, oferecem uma oportunidade de interação e intervenção do poeta. Exemplos: as infopoesias de E. M. de Melo e Castro; as vispo de Jim Andrews; dentre outros.

Poesia-computador indica o momento em que começa a existir, no final dos anos 70 e início dos anos 80, o PC (Personal Computer), computador pessoal ou microcomputador. Na maioria dos casos, os poemas são feitos com os comandos do DOS e com as linguagens de programas de programação da época, como a BASIC. Exemplos: Silvestre Pestana, João Coelho e Albertus Marques.

Poesia hipertextual e poesia hipermídia - Os dois termos representam as negociações do poeta a partir dos meados dos anos 80, quando são criados os primeiros sistemas de hipertexto(10) (1983) e a World Wide Web (1989). Esse tipo de poesia se distingue dos outros comentados anteriormente porque passam a existir no ciberespaço dos computadores interligados em rede, e não apenas em computadores isolados e nos seus monitores, ou em uma versão parcial impressa. Exemplos: “Reality Dreams”, de Joel Weishaus - http://www.cddc.vt.edu/host/weishaus/cont-r.htm -; "Pop-up poems"A, de Jim Andrews - http://vispo.com/popups/popups.htm -; "Antilogia Laboríntica", de André Vallias - http://www.refazenda.com/aleer/ -; "Scalpoema", de Joesér Alvarez - http://geocities.yahoo.com.br/scalpoema/index.html - ; dentre outros.

Poesia-internet, também denominada de internet poetry ou net poetry, se refere à poesia eletrônica que utiliza o modo de comunicação muitos-muitos e faz da Internet seu principal meio de comunicação, mesmo quando precisa ser acessada via rede. Ela se assemelha à arte postal, surgida na década de 60, e também sofreu a influência da arte telemática. Exemplos: “Medical Notes of an Illegal Doctor”, de Alexis Kirke - http://www.wings.buffalo.edu/epc/ezines/brink/brink02/medical.html-; "Imaginary Post Office", de Randy Adams - http://tracearchive.ntu.ac.uk/studio/radams/post/postinfo.html -; New Padin's Spams Trashes, de Clemente Padin - http://www.arteonline.arq.br/museu/cds/cd4.htm -; dentre outros.

Poesia interativa, colaborativa e performática é uma série de propostas poéticas que devem ser realizadas com a participação do leitor-operador, exigindo dele mais do que interatividade, pois, em muitos casos, ele é convidado a ser co-autor da obra em potencial. Ela, muitas vezes, deixa de ser realizada somente no meio eletrônico-digital e passa a fazer parte do mundo tridimensional, tornando-se também performática. Nesse caso, o poeta interage com o computador e a rede. Exemplos: “Isto é uma experiência”, de Ana Hatherly - http://www.interact.com.pt/interact1/flash/laboratorio/lab_1.html -; "the five word picture poem", de Komninos Zervos - http://www.griffith.edu.au/ppages/k_zervos/5wpclear.html -; Reflexões no vazio, de Martha Carrer Cruz Gabriel - http://www.martha.com.br/poesias/reflexoes/ -; dentre outros.

Poesia-código - À semelhança das experimentações com letras e palavras, sem uma preocupação com a legibilidade e com o significado dos códigos, das vanguardas européias e de outros movimentos poéticos do século XX, o meio informacional oferece suas linguagens de programação que, para alguns poetas, passam a ser assumidas como linguagens poéticas. O código lingüístico, as linguagens de marcação de hipertexto (HTML) e os símbolos matemáticos, dentre outros, é que se tornam a parte material do poema eletrônico, na maioria das vezes, também explorando o espaço em branco da página da rede ou do e-mail. Exemplos: "mezangelle language system", de Mez (Mary-Anne Breeze) - http://www.hotkey.net.au/~netwurker/ -; "404 not found", de Ted Warnell - http://warnell.com/real/four04.htm -; dentre outros.

Poesia migrante - Releituras e intertextos também fazem parte de muitos bons resultados na poesia eletrônica. São procedimentos que têm por objetivo fazer uma releitura, no meio digital, da poesia visual (bi e tridimensional), da poesia concreta e grande parte das poesias modernistas (vanguardas), principalmente, aproveitando uma certa “vocação” digital, ou seja, aqueles fazeres poéticos que já prenunciavam o uso das tecnologias. Exemplos: a revista Artéria 8, editada por Omar Khouri e Fábio Oliveira Nunes - http://www.arteria8.net/ - Cortex Revista de Poesia Digital, editada em CD-Rom por Lucio Agra, Thiago Rodrigues e digitalizada por Guilherme Ranoya.

Poesia performática cíbrida – O termo foi adotado com base no conceito de “nomadismo cíbrido”, tema do Simpósio Cibercultura 2005: nomadismos cíbridos(11), que tratou das “novas formas de mobilidade e deslocamentos (que) permeiam situações do cotidiano contemporâneo”, pois estamos, “cada vez mais, interagindo em espaços híbridos, compostos pela aglutinação de redes informacionais e espaços físicos”, ou seja, das “modalidades vivenciadas a partir de aparatos como: telefones celulares, notebooks, PDA e GPS”, que “nos permitem experiências cíbridas, que mesclam e hibridizam o real e o ciberespaço”. Desse conceito geral, chegamos a “nomadismo cíbrido na poesia eletrônica”. O termo “cíbrido” é uma nova palavra tendo um sufixo “ci” derivado de “cibercultura” que substitui o “hi” de “híbrido” e significa o hibridismo da cibercultura com outros tipos de cultura. Exemplos: Árvore, de Silvestre, de 1986, registrado em DVD; Baila, de Loss Pequeño Glazier, Kellie James, Sadie Reid e Carrie Syckelmoore – http://epc.buffalo.edu/authors/glazier/e-poetry/london - “I´m not a book no 2.0”, de Lucio Agra, registrado em fotografias; dentre outros.D


foto de autor
Ilustração SEQ Ilustração \* ARABIC 7 - CD-Rom - página da dedicatória



Notas / Referências



Notas

(1) Tese de doutorado apresentada à banca examinadora em 17 jun. 2005, na PUC SP COS:; em out. 2005, uma entrevista concedida a Rogel Samuel, disponível em: http://www.pd-literatura.com.br/pd2005/especiais/out_rogel.pdf; palestra ministrada na Biblioteca Municipal Dr. Fritz Müller, Blumenau, em 11 jun. 2008; apresentação em 31 ago. 2008, no Centro MEC, em Montevidéu, Uruguai.
(2) São Paulo, SP: FAPESP; Itu, SP: Autor; Belo Horizonte, MG: Veredas & Cenários, 2008, 198p. Prefácio de E. M. de Melo e Castro (Portugal) e Chris Funkhouser (EUA). Textos de orelhas de Lucio Agra e Omar Khouri (Brasil). Acompanha um CD-Rom.
(3) De um modo geral, no meio eletrônico, os estudos existentes são ensaios curtos e artigos que focam determinadas experiências poéticas com as novas tecnologias.
(4) Este mapeamento não inclui capítulos ou trechos sobre poesia eletrônica publicados em livros impressos, nem obras que tratam de literatura eletrônica. Não foram citados alguns poucos autores cujas obras ainda não pude ler, como, por exemplo: Jean-Pierre Balpe e Jacques Donguy.
(5) Pareceu-me necessário transcrever a primeira parte do capítulo 1 do livro, para que o ciber / leitor possa ter uma idéia do enfoque teórico.
(6) O poeta também poderia utilizar a máquina como um objeto e fazer nela uma intervenção poética, produzindo um poema-objeto, por exemplo, mas esse não é o nosso objeto de estudo.
(7) Para melhor compreensão daqueles que não lêem em português, a introdução está traduzida para o inglês.
(8) Trata-se do capítulo que contém a tese do livro.
(9) Esse assunto foi conceituado e exemplificado no subcapítulo 4.9 (Poesia, ciência e tecnologia) do capítulo II (Poesia, arte, ciência e tecnologia). Há referencias a esse conceito no texto “Negociações semióticas: mediação, intervenção, transmutação”, que faz parte desta apresentação.
(10) O conceito de sistema de hipertexto é o Projeto Xanadu (1960) e, nos anos 60 e 70, há muitos sistemas hipertextuais que foram surgindo, mas o uso do hipertexto em poesia começa em meados dos anos 80.
(11) Este Simpósio foi sediado no Centro Universitário Senac (São Paulo, Brasil) nos dia 7 a 9 dez. 2005.


Referências


ANDREWS, Jim. Vispo. Victoria, Canadá: edição do autor, 1995. Disponível em: < HYPERLINK "http://www.vispo.com" www.vispo.com>.

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______. Poética dos meios e arte high tech. Lisboa: Vega, 1988.

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COHEN, Jean. Estrutura da linguagem poética. Tradução: Álvaro Lorencini e Anne Arnichand. São Paulo: Cultrix, 1974.

DAVINIO, Caterina. Tecno-poesia e realtà virtuali: storia, teoria, esperienze tra scrittura, visualitá e nuovi media. Tradução: Caterina Davinio, Jorge Luiz Antonio e Tom Bell. Mantova, Itália: Sometti, 2002. Edição bilíngüe (italiano-inglês).

FUNKHOUSER, Christopher. Takes a lot of voice to sing a millennial song. EUA, 1994. Disponível em: < HYPERLINK "http://wings.buffalo.edu/epc/authors/funkhouser/voices" http://wings.buffalo.edu/epc/authors/funkhouser/voices>. Acesso em 26 jul. 2004.

______. Toward a Literature Moving Outside Itself: The Beginnings of Hypermedia Poetry. Albany, EUA, 1996. Disponível em: < HYPERLINK "http://web.njit.edu/~cfunk/web/inside.html" http://web.njit.edu/~cfunk/web/inside.html>. Acesso em: 25 set. 1999.

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PADIN, Clemente. La poesía experimental latinoamericana: 1950-2000. Tradução: Yolanda Péres Herreras. Colmenar Viejo, Espanha: Información y Producciones s. I., 2000. Também disponível em: < HYPERLINK "http://boek861.com/padin/indice.htm" http://boek861.com/padin/indice.htm>. Acesso em: 10 out. 2003.

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POE, Edgar Allan. Poemas e ensaios. Tradução: Oscar Mendes e Milton Amado. Revisão e notas: Carmen Vera Cirne Lima. 2.ed. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

POPPER, Frank. As imagens artísticas e a tecnociência (1967-1987). In: PARENTE, André (Org.). Imagem-Máquina: a Era das Tecnologias do Virtual. Tradução: Ivana Bentes. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993, p. 201-213.

STEFANS, Brian Kim. Fashionable Noise On Digital Poetics. Berkeley, Califórnia, EUA: Atelos, 2003.

WANKE, Eno Theodoro. O acendedor de sonetos. Rio de Janeiro: Plaquette, 2000, v. 2, p. 122-147.

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Grupo Proyecto Biopus: retrospectiva / Grupo Proyecto Biopus

foto de autor

Proyecto Biopus (Argentina, 2001- )
www.biopus.com.ar 

 
   El grupo Proyecto Biopus está conformado por artistas que investigan el arte interactivo, explorando nuevas formas de relación entre la obra y el público. Este grupo de artistas, que trabaja principalmente en la docencia e investigación universitaria en diferentes instituciones de Buenos Aires y La Plata (Argentina), investiga (a través de la producción) la relación entre el público (usuario, navegador) y la obra.      

   Las obras del proyecto Biopus han obtenido entre otros los premios "Incentivo a la creación" en la categoría Proyecto Multidisciplinario Experimental LIMb0 y "Gran Premio a las Nuevas Tecnologías", en Premio MAMbA / Fundación Telefónica "Arte y Nuevas Tecnologías" 5° Edición (Dic/2005), así como Mención Honorífica en el Concurso Internacional sobre Arte y Vida Artificial en dos ocasiones: "Vida 9.0" (2006) y "Vida 11.0" (2008).
   El grupo fue fundado por Emiliano Causa, Christian Silva, Tarcisio Pirotta y Julián Isacch. Actualmente se ecuentra integrado en por Emiliano Causa, Matías Romero Costas y Tarcisio Pirotta.
 

Grupo Proyecto Biopus: retrospectiva

-Retrospectiva inédita confeccionada para la Revista Desliz-

Grupo Proyecto Biopus, una búsqueda en el arte interactivo, por Emiliano Causa



El grupo Proyecto Biopus se inicia en el año 2001 a partir de la creación del video-arte “Acecho, persecución y muerte”. En esos tiempos sus integrantes éramos Christian Silva y el que escribe (Emiliano Causa). Este primer trabajo muestra algunas de las temáticas que se desarrollarían en los posteriores trabajos. Como disparador, se usó el fenómeno de la cacería, inspirado en documentales sobre “grandes felinos cazando antílopes y gacelas”. La cacería tiene una evolución de la cuál los animales son sólo partícipes, en la cacería se esconde la dinámica de la vida, de lo natural y visceral, del misterio de la existencia y esto trasciende a sus protagonistas; por eso, intentamos mostrar el movimiento, el desarrollo y las sensaciones, pero eludiendo la presentación explícita de los personajes. “Acecho”, “persecución” y “muerte” son los tres momentos por los que transita la cacería y las partes de esta obra.

Imagen de Asecho, persecusion y muerte
Imagen de Acecho, persecución y muerte

La música y el video fueron pensados en conjunto, para realizar un producto integral, siendo muchas veces el sonido el que articula el discurso visual y no al revés, como sucede en las musicalizaciones convencionales. Este trabajo y los videos que le siguieron no son interactivos, a diferencia de la mayoría de los trabajos del colectivo, pero tienen en germen la intención de serlo, son estudios sobre la relación entre la imagen y el sonido.

Imagen de Vasarely Genético1
Imagen de Vasarely Genético

Imagen de Vasarely Genético2
Imagen de Vasarely Genético

El primer trabajo interactivo del colectivo lo creamos en el año 2002 y se llamó “Vasarely Genético”. Me impresionaron unas pinturas de Victor Vasarely que estaban en un libro que me había prestado Julián Isacch (uno los nuevos integrantes incorporados ese año). Encontré en esas pinturas una lógica matemática (geométrica) que pude formalizar en un algoritmo. Mi algoritmo permitía construir nuevas pinturas (virtuales) que respetaban la gramática visual generada por esas reglas, entonces vislumbré la oportunidad de aplicar algoritmos genéticos a esta lógica, es decir: construir un software que permitiera combinar genéticamente estas pinturas virtuales para, de esta forma, obtener nuevas imágenes que heredasen sus características. El público se encuentra con una colección de imágenes (las pinturas virtuales) que puede recorrer, luego puede seleccionar dos de su agrado y, mediante reproducción genética, obtener un tercero que hereda las características de los mismos. Dicho procedimiento hace que los cuadros de la colección, mediante algoritmos genéticos, evolucionen según el gusto de los visitantes, logrando que los mismos sean partícipes directos del proceso de creación artística, un proceso de creación colectiva.

Para ese entonces el grupo tenía, como nuevos integrantes, a Julián Isacch y Tarcisio Pirotta (junto a Christian y yo). Este grupo es el que se puede considerar fundador del colectivo y de hecho fue el que le dio su nombre, Julián unió las palabras “bio” y “opus” buscando una referencia a las obras vivas, que siempre fue una línea rectora de nuestra búsqueda.

Imagen de Enjambre
Imagen de Enjambre

Ese mismo año se crea “Enjambre” un trabajo interactivo en donde un sistema de animación en tiempo-real se excita o relaja en función de los movimientos del Mouse. Esta se basa en el concepto de transformación y excitación en los seres vivos. La idea para la realización de Enjambre, fue crear una obra que respondiera con excitación a los movimientos del usuario, al igual que lo haría un enjambre de insectos. Una obra que puede ser molestada, despertada, pero si se la deja en paz, lentamente recobrará su calma hasta quedarse quieta.

Imagen de Organismos
Imagen de Organismos

Para el desarrollo del video “Organismos” se incorporó Matías Romero Costas (junto a Tarcisio, uno de los pilares de Proyecto Biopus), quien recompuso un tema de música experimental hecho con sonidos de saxo procesados para semejar insectos y otros organismos. A partir de la composición se hizo un análisis y se crearon personajes que fueron animados a partir de un software (hecho por nosotros) que analizaba las pistas de sonidos del tema. Esto nos permitió crear una animación en donde el sonido y la imagen tienen un sincronismo y se funden casi perfectamente. Nuevamente, el video es un relato en donde se genera una lucha territorial entre organismos.
A este proyecto, le siguió “Círculo y Cuadrado” un video en donde explotamos al máximo la gramática de Vasarely. En sus 9 minutos de duración, pasa por 5 secciones en donde imágenes construidas con grillas de círculos y cuadrados avanzan desde la planimetría y los grises hasta el color, la tridimensionalidad y el movimiento. Las imágenes siguen los movimientos del sonido generado por una composición de música electroacústica creada para el video.

Imagen de Círculo Fractal (de la serie Fractales)
Imagen de Círculo Fractal (de la serie Fractales)

Entre 2003 y 2006 hicimos una serie de pequeños trabajos interactivos para Internet basados en fractales. La idea de estos trabajos es que el público pueda crear formas estéticas a partir de la interacción con estas aplicaciones. En general las aplicaciones para hacer fractales se basan en fórmulas matemáticas, nos parecía interesante que se pudieran construir a partir de la gestualidad, por eso nuestras aplicaciones permiten al público, construir fractales a partir de sus trazos.
En el año 2003, se inició lo que sería nuestro principal formato de trabajo, las instalaciones interactivas. La primera de esta serie fue una “alfombra interactiva” que permitía ir reproduciendo fragmentos musicales del grupo “Sonoridades alternativas” del que yo era miembro hasta ese momento. A este le siguieron 3 trabajos más (“Jungla 0.1”, “Espejo espectral” y “Pitch Fractal” ), hasta que en 2005 creamos “Tango Virus”, uno de los trabajos que mejor nos representa. En esos años se terminó de definir el grupo que quedó definitivamente formado por Matías, Tarcisio y yo.

“Tango Virus” es una instalación interactiva que permite al público modificar en tiempo-real un tema de tango (de Astor Piazzola) mediante un proceso viral. En la instalación, el público puede bailar el tema de tango que se está escuchando, pero dicho baile se transforma en un comportamiento viral que ataca al tema musical, haciendo que este varíe, quizás al punto de “fallecer”.

Imagen de Tango Virus
Imagen de Tango Virus

Se ingresa a un espacio a oscuras donde sólo se ven dos proyecciones de video y un espacio iluminado en forma cenital. Una vez que el público decide bailar en el espacio iluminado, los movimientos del baile (que son captados por una cámara en el techo) generan un patrón visual en una de las proyecciones, dicho patrón se transforma en un virus que ataca al tema musical. Como resultado se puede ver en las proyecciones el patrón generado por la huella del baile y la forma en que este patrón, convertido en virus, va atacando e infectando al tema de tango, lo cual se escucha a partir de los cambios cada vez más radicales y violentos que se generan en el tema. A partir de aquí pueden ocurrir dos cosas: el tema musical logra defenderse del virus con su sistema inmunológico, en cuyo caso adquiere anticuerpos contra este tipo de virus (es decir que se hace inmune a patrones similares) o, si es atacado por varios virus sin darle tiempo a recuperarse, el tema colapsa bajo el ataque de estos cuerpos extraños y muere.

Imagen de Sensible
Imagen de Sensible

En 2007 hicimos una instalación interactiva llamada “Sensible” dotada de una pantalla sensible al tacto, que permite a las personas manipular un ecosistema virtual y, a partir de esta acción, producir música en tiempo-real. En función de los distintos tipos de intervenciones realizadas por los participantes, los algoritmos de vida artificial, desarrollan un ecosistema virtual que produce, a su vez diferentes ambientes musicales.

El ecosistema de Sensible se conforma de tres tipos diferentes de organismos virtuales: los vegetales, los herbívoros y los carnívoros. Los vegetales (círculos) son incapaces de moverse o devorar a otros organismos. Los herbívoros (triángulos) pueden desplazarse y necesitan comer vegetales para permanecer vivos. Los carnívoros (rectángulos) pueden desplazarse y necesitan comer herbívoros para permanecer vivos. Todos los organismos, consumen energía que, en el caso de los herbívoros y carnívoros, deben recuperar alimentándose. Cuándo un organismo se mueve, consume mucha energía. Estas leyes hacen que cada organismo deba tomar decisiones a la hora de moverse y procurarse su alimento.

Para crear cada tipo de organismo, las personas deben intervenir con distintos gestos sobre la pantalla sensible. La música de Sensible, se genera a través de algoritmos de composición en tiempo-real que evalúan diferentes variables del ecosistema para producir el material sonoro. La densidad de población, la cantidad de energía que despliegan los organismos en sus acciones, así como los niveles de placer y displacer de cada organismo (en función de lograr sus objetivos, como alimentarse o no ser atrapado por un depredador), son la variables del ecosistema que rigen la evolución de la trama musical.

En 2008 creamos “Sobra la falta”, una instalación en donde un robot “cartonero” (así se llama en Argentina a las personas que recogen desechos para su posterior venta) intenta “crear” imágenes usando la basura que el público arroja. Al entrar en la sala, el público se encuentra con un depósito de basura en donde puede arrojar residuos. Al acumularse basura en este sector, un robot se acerca para extraer residuos, redistribuirlos en el espacio y crear con estos una imagen en él.

Imagen de Sobra la falta
Imagen de Sobra la falta

Una vez que el robot construyó una imagen, esta es “borrada”, para luego nuevamente iniciar la construcción de un nuevo dibujo. Esta limpieza se realiza con un segundo robot barredora, que sirve para mover los residuos nuevamente hasta el sector del depósito. Las imágenes creadas por el robot son registradas por una cámara y proyectadas en una pared.

El robot “cartonero” que se encarga de clasificar basura y construir imágenes, presenta en su diseño una forma descuidada y desprolija, dado que él mismo está construido con deshechos, algunas partes de plástico, otras partes de cartón, otras partes de madera, con colores. Esta apariencia irregular y que contradice la idea que habitualmente tenemos de “lo que es un robot”, subraya más aún lo absurdo y contradictorio de toda la escena.

Las imágenes que el robot construye, son imitaciones de imágenes prediseñadas por los autores. Dichas imágenes son simples, casi icónicas, para facilitar su legibilidad a pesar de ser construidas a partir de elementos tan heterogéneos como los residuos.

Sobra la falta surge como respuesta a la “necesidad de construir algo desde la basura”. Es decir, frente a la necesidad de encontrar algo positivo en la basura. En un país donde mucha gente busca sustento en la basura, construye sus hogares con desperdicios y hasta come de la basura, supusimos que mucha de la esperanza de la Argentina, está (literalmente) puesta en la basura. Consideramos que la basura se está transformando en un recurso cada vez más utilizado, entonces nos hicimos esta pregunta: ¿se puede rescatar algo positivo de la basura? ¿puede, nuestro futuro, depender de esto?. Con esta idea en mente, decidimos construir un robot que se encargue de realizar dicha búsqueda. Un robot que intenta rescatar cosas positivas, que intenta crear, construir; un robot que busca crear (desde su humilde arte) imágenes que den esperanza. Un robot que rastrea nuestro futuro en la basura. Desde esta búsqueda se abre un campo de “faltas” y de “sobras”. Un espacio en donde las sobras intentan ocupar el lugar de lo que falta, el alimento que sobra de Mc.Donnald sirve para paliar la falta de alimento de la gente de la calle. Pero ¿esta operación es posible?. ¿se puede cubrir la falta con sobras? ¿no hace esta acción más evidente la falta?. En esta paradoja está perdido nuestro robot: intenta cubrir lo que falta usando sobras, siempre a riesgo de subrayarla, de reafirmarla.

Durante estos 8 años de trabajo, en los que hemos realizados videos experimentales, arte en Internet, performances e instalaciones interactivas, este último formato es el que nos ha resultado de mayor interés, dado que en el mundo de la interactividad las instalaciones son las que logran involucrar el cuerpo del público. El cuerpo posee un lenguaje propio que excede al verbal y la mayor parte de las veces implica gestos involuntarios. Este fenómeno vincula el cuerpo con aquellas particularidades subjetivas que queremos resaltar en el proceso interactivo. Para nosotros la interactividad es una forma de poder integrar las particularidades subjetivas del público al discurso de nuestras obras y en última instancia poder lograr una “obra viva”.

Emiliano Causa
Octubre 2009 D
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